APRESENTAÇÃO

 

A Web Revista Discursividade, Estudos Linguísticos, na edição no. 19 apresenta uma diversidade de temáticas e áreas diversificadas. Se de um lado pode parecer que haja ausência de algo que os aproxima, do outro, a questão exatamente ter textos que de diversidades teóricas, fato que possibilita um tipo de leitura adversa.

Nesse sentido, nada melhor do que deixar os autores nos apresente algo de suas reflexões:

 

A Constituição da Identidade do Sujeito da Educação a Distância - Mirian Ligia E. Karolesky e Beatriz H. D. Molin:

 

“O presente artigo visa refletir sobre como as tecnologias utilizadas para o processo de comunicação dentro dos Ambientes Virtuais de Ensino e Aprendizagem (AVEA) corroboram para a formação da identidade do sujeito da EaD.

Antes de buscar um entendimento desse novo sujeito moldado pelas novas tecnologias de comunicação digital, é interessante analisar como a sociedade num todo vem se modificando rapidamente ao longo das últimas décadas.”

 

Características Da Língua Falada e da Língua Escrita: Análise de Entrevistas Com Vik Muniz - Thais P. P. J. Duarte, Letícia J. Storto e Denise Durante:

 

“A língua falada possui características específicas, decorrentes do próprio vínculo estabelecido entre falante e ouvinte, próprios da interação falada. Diferentemente do que pode considerar o senso comum, a produção e a recepção do texto oral são complexas, uma vez que o planejamento e a execução ocorrem quase simultaneamente. Essa complexidade contrapõe-se também a afirmações que julgam a língua falada como uma modalidade sem regras, informal, em contraponto à língua escrita, pautada por regras e formalidade.”

 

A Estética do Acaso em A Céu Aberto, de João Gilberto Noll - Thales de Barros Teixeira:

 

“Este artigo procura demonstrar de que maneira o principio do acaso, tão caro à literatura ocidental sobretudo após a revolução estética de Mallarmé, existe enquanto força-motor do processo de construção do romance A céu aberto, de João Gilberto Noll. Filho de um tempo de crise, a da representação, o autor gaúcho lança mão das ideias mallarmelianas para enfrentar as dificuldades narrativas que seu tempo lhe impõe. Abandona então a tradição milenar dos preceitos aristotélicos para forjar uma nova escrita ficcional, sintonizada agora com as novas concepções do fazer literário.”

 

Desvendando os Segredos da Língua: O Ethos Discursivo da Língua Portuguesa no Blog “Dicas De Português” - Agnaldo Almeida:

 

“O interesse pelos estudos da linguagem é antigo. Na Antiguidade Clássica, por exemplo, os estudos gramaticais e filológicos constituíam os pilares de tais estudos. Porém, é no início do século XIX, com a publicação do Curso de linguística geral de Ferdinand de Saussure, que a Linguística (denominada moderna) adquire status de cientificidade, com seu objeto de análise e métodos próprios. A Linguística emerge, então, com o objetivo de refletir sobre tudo aquilo que faz parte da língua, buscando uma regularidade, ao contrário da gramática tradicional (normativa), uma das bases dos estudos da Antiguidade greco-romana, que prescreve as normas para o uso “correto” da linguagem.”

 

Bruxas de Salem: Construção do Discurso do Processo em um Viés Foucaultiano - Talita C. Pereira:

 

“Em meados do século XVII as sociedades americanas viviam em torno de regras da moral e dos bons costumes, em que as leis políticas, religiosas e jurídicas eram baseadas nas escrituras Bíblicas. Portanto, quem fosse contrário à elas, era acusado de cometer crimes contra Deus, além de ser considerado uma ameaça à sociedade. Uma dessas leis proibia, qualquer tipo de envolvimento com feitiços e espíritos considerados causadores da invocação de demônios ou de qualquer elemento do mundo obscuro e maligno, a famosa bruxaria.

Em muitas comunidades ocorreram julgamentos, acusações e perseguições às bruxas, contudo, o processo de maior importância e repercussão dos fatos, das causas e efeitos, acontecera na comunidade de Salem, em Massachusetts.”

 

Variação Linguística: Primórdios, Conceitos E Metodologia - Maria L. L. Paulista:

 

“Linguagem e sociedade estão ligadas entre si de forma inquestionável. Mais do que isso, podemos afirmar que essa relação é a base da constituição do ser humano (ALKMIN, 2001, p. 21). Esta é a primazia da dos estudos da Sociolinguística que tem como seu objeto o estudo da variação que são pautados nas questões de ordem cultural e social. Desde o princípio da civilização os seres humanos se organizavam em sociedade e, com a evolução histórica, criaram um sistema de comunicação oral, ou seja, uma língua. Sabemos que todas as línguas no mundo são uma continuidade histórica, logo a Sociolinguística trata a língua como um fenômeno comum a todos os grupos humanos, diferentemente dos antigos filósofos que utilizaram a língua escrita para descrever e estudar a língua.”

 

A prática de Produção de Texto na Escola - Marilene R. de A. Campos e Mislene F. Cabriotti:

 

“Há muito tempo atividade prazerosa de prática de produção de texto não se manifesta com igual teor, pois o que se presencia hoje é exatamente um distanciamento desta.

O que se constata é que os alunos, sem generalizar, mas em sua maioria, tratam a realização de produção textual como uma atividade que exige muito sacrifício, desgaste e que não serve para nada, pois veem o professor sendo seu único corretor e preestabelecido leitor, que utilizará o texto como pretexto para corrigir erros ortográficos, de concordância, acentuação e que a função do texto que fora pedido tem o simples propósito de atribuição de notas.”

 

Butler Leitora de Derrida: Trilhando o Caminho das Desconstruções Subversivas - Ederson L. Silveira, João Paulo L. da Silva e Leonard C. S. Costa:

 

“Falar sobre os estudos de Derrida e suas repercussões nas teorizações de outros autores requer cuidado e cautela. Em primeiro lugar porque pensar nos estudos derridianos requer que voltemos nosso olhar para o impossível, distanciando-nos das lógicas binárias sobre as quais o pensamento ocidental esteve inserido por muito tempo antes dele (e que continuam a reverberar em muitos contextos até hoje).  Com o advento da pós-modernidade as discussões relacionadas ao terreno das identidades foi se acentuando cada vez mais e se levarmos em consideração que em Derrida o próprio conceito de identidade é estabelecido na busca de uma não-hierarquização de um termo em relação ao outro, temos então nosso ingresso nos terrenos do impossível.”

 

Os Processos de Recategorização no Conto “A Rose For Emily” - Jorge L. Q. Carvalho e Maria V. S. Tabosa:

 

O material escolhido para análise trata-se do conto “A Rose for Emily” (Uma Rosa para Emily), publicado em 1930 e de autoria do escritor americano William Faulkner. A história é situada na fictícia cidade de Jefferson, no estado americano do Mississipi. Na análise, atentamos para as diferentes recategorizações pelas quais passa Emily, personagem que dá título à obra. Desse modo, embora não deixemos de considerar produtiva a análise de outros referentes – haja vista que diferentes objetos de discurso vão sendo recategorizados ao longo do texto – nós optamos por observar um único referente por nosso interesse consistir em fazer uma amostra de como a análise textual evidencia o percurso que passa a atividade discursiva de referenciar e recategorizar os objetos de discurso.

 

Discursividades Contraditórias em Geografia: Globalização, Fronteira e Violência na Perspectiva dos Professores de Geografia do Ensino Médio - Roberto O. Paixão, Elody M. Cunha e Walter G. da Silva:

 

As inovações tecnológicas, organizacionais, produtivas e políticas que se intensificaram após a Segunda Guerra Mundial, devem ser pensadas como novo período de organização do capitalismo mundial, com evidências de um mundo cada vez mais dinâmico, moderno e acelerado, no qual o mercado intensifica sua internacionalização e o capital parece, cada vez mais, não ter pátria, mas capaz de ditar regras ao sistema produtivo mundial, conduzindo a profundas mudanças nas relações e fluxos de pessoas, bens, serviços e mercadorias, no que ficou como globalização: fenômeno transnacional sob a égide mercadológica.

Isso trouxe novas demandas à ciência Geográfica, sobremaneira pelo reflexo desse processo global nos subespaços fronteiriços, outro tema de grande e recente debate na Geografia em variados níveis e abrangências, inclusive escolar, razão pela qual esse termo/conceito torna-se objeto desta e outras reflexões. É ponto consensual que no mundo contemporâneo o entendimento dos espaços fronteiriços requer uma melhor observação sobre como as sociedades se formam e se reproduzem, focalizando suas identidades, costumes e leis, relações de vizinhança, entre outros aspectos.

 

Judith Butler e Michel Foucault: considerações em torno da performatividade, do discurso e da constituição do sujeito - Marcelo Spitzner:

 

“A partir de seu primeiro trabalho, Subjects of Desire (1987), Judith Butler tem, consistentemente, se comprometido com conceitos-chave do pensamento de Michel Foucault, assim como desenvolve elementos importantes no seu próprio quadro teórico como uma resposta ao que ela percebe ser inadequações na discussão foucaultiana. O trabalho de Butler é relativamente recente, mas sua produção tem sido substancial e ainda está em curso.”

 

As Concepções de Linguagens: Aporte Necessário ao Ensino de Língua Portuguesa - Eliana C. Bessa:

 

“O conhecimento das diferentes concepções de linguagem é relevante para a prática docente, especialmente para o ensino da Língua Materna. Somente após conhecer essas concepções o professor poderá definir a mais adequada a seu contexto. Historicamente algumas mudanças vêm permeando o ensino.  Em meados da década de 1970 e início de 1980 iniciou-se a divulgação de uma nova abordagem para o trabalho com a língua, dentro de uma concepção de linguagem interacionista. Nessa concepção, as regras gramaticais deixam de ser o eixo fundamental do ensino de linguagem, e abre-se espaço para o trabalho com oralidade, escrita e leitura, numa perspectiva dialógica.”

 

O Discurso do Indígena sobre o Ensino do “Não-Indígena” - Marília S. Mairins e Marlon L. Rodrigues: – NEAD/CEPAD/UEMS

 

De acordo com o IBGE, existem no Estado do Mato Grosso do Sul aproximadamente 73.295 índios, correspondendo à segunda população indígena do Brasil e conta hoje com as etnias: Terena, Gurani-Nhandeva, Guarani-Kaiwá, Guató, Kadwéu, Ofaié e Kinikinawa. Assim, o ensino de sua língua materna é assegurado pela Constituição Brasileira em seu Artigo 231, parágrafo 2º quando garante que: “O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas nos processos de aprendizagem”. Uma vez que o ensino em sua língua materna lhes é garantido por lei e evitar a exclusão dos excluídos.

Análise de Discurso: Base Teórica e Método - João Paulo de Oliveira - NEAD/CEPAD/PG-UEMS 

Este artigo pretende fazer uma abordagem teórica no que se refere a constituição histórica e constituição como ciência referente à Análise de Discurso francesa que possui como fundador do campo teórico Michel Pêcheux. Posteriormente este artigo além de abordar os conceitos teóricos que emergem a teoria do discurso, preocupa-se em discutir os procedimentos metodológicos que problematizam a pesquisa do analista, uma vez que o processo metodológico parte da própria construção teórica diante a análise.

 

Boa leitura.

 

 

Desta Terra do Pantanal, Campo Grande-MS, Janeiro de 2017.

 

Marlon Leal Rodrigues

Paulo Cesar Tafarello

Celso Abrão dos Reis